sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vaso precioso

Tome um copo, encha-o com água, e pense oferecê-lo a alguém com sede.
Tome uma taça, encha-a com vinho, e pense ofertá-la a um amigo que o visite.
Quebre ambos frascos.  A água e o vinho serão lançados ao chão. Suas características e qualidades permanecerão inalteradas, mas a oportunidade de saciar a sede de alguém ou de brindar a presença de um amigo ter-se-á perdido para sempre.
A água evaporará e, através de seu ciclo de vida, a um novo copo retornará, mas este será oferecido a outro que não aquele que havíamos pensado.
O espírito, assim como água, mantém inalterada suas características.  Mas o corpo, perene como o copo,  ao ser destruído leva consigo toda sorte de oportunidades para os quais foi preparado.
Importa então preservar o corpo, a taça, o precioso vaso de carne que permite ao espírito facear as suas oportunidades de reconciliação e redenção.

São Paulo, fevereiro de 2011   

terça-feira, 5 de abril de 2011

Luz do Cristo

Do muito que eu já vi, sempre um pouco aprendi.
Eu vi as rochas ígneas das muralhas das fortalezas serem reduzidas a pó expondo as cidades à sanha bárbara dos invasores. Mas o Cristo, o Cristo não estava naquelas rochas.
Eu vi o madeiro das igrejas e das catedrais arder e estalar sob as chamas dos inimigos da fé. Mas o Cristo, o Cristo não estava naqueles templos.
Eu vi o corpo dos mártires serem transpassados pelas lanças e espadas dos assassinos, derramando ao solo o sangue abençoado daqueles santos. Mas o Cristo, o Cristo não estava naquele sangue.
A luz do Cristo, verdadeira e imaculada, está tão somente na chama etérea que jamais se apaga do coração dos homens que nele crêem. E aqueles que nele crêem são indestrutíveis, pois trazem consigo a certeza da vida eterna.

São Paulo, fevereiro de 2011