Ergo as mãos para o céu e rogo a Deus perdão pelo tempo desperdiçado.
A poesia me saía fácil aos lábios e a prosa escorria sem impedimentos através de minha pena. Cedo, no entanto, inclinei-me à sátira, ao humor pernicioso, ao sarcasmo, que tanto deleitava os que abraçavam a maledicência.
Em curto espaço de tempo caí nas graças destes e entre os círculos viciados da mesquinhez humana eu era considerado com admiração e veneração somente conferida aos heróis.
E essa fama excitava cada fibra do meu corpo de carne. Mas eu desejava mais; mais prazer !
Cedi às tentações das substâncias entorpecentes que se, no início me auxiliavam em minhas criações doentias, depois paralisaram minha mente.
Os amigos falsos e os adoradores oportunistas viraram a face para mim e me abandonaram.
Sozinho e sofrendo, removi de meu coração o último sopro de vida que nele havia. Lançado ao lodaçal do arrependimento reservado aos suicidas, fui de lá resgatado por um jovem cego que em vida, apiedado de sua triste condição, de quando em quando eu auxiliava.
Depois, pude nele reconhecer um irmão de erros de um passado do qual juntos decidimos nos redimir através de mais uma existência na carne.
Presunçoso, desejei mãos hábeis para escrita e uma mente ágil para idéias imaginando auxiliar com isso tantos quantos eu poderia. Mais sábio meu irmão optou pela cegueira que o impediu de ver as tentações do mundo material.
São Paulo, fevereiro de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Novo homem
Durante mil dias eu sofri. Dormindo a cada noite em um diferente lugar, mil abismos eu conheci.
Entorpecido o corpo por substâncias que relaxam a percepção. Entorpecida a mente por emoções que a velocidade promove.
A princípio abracei a morte com carinho juvenil, redentora de meus sofrimentos. Mas depois, face o horror de minhas inconseqüentes atitudes, repeli-a com vigor.
Não sou um homem novo.
As marcas profundas que trago na mortalha de meu corpo; as chagas; o sangue imaculado derramado não se apagam.
Mas sou um novo homem, banhado pela graça de uma nova compreensão que me permite perdoar-me, compreender-me e seguir adiante.
São Paulo, fevereiro de 2011
Entorpecido o corpo por substâncias que relaxam a percepção. Entorpecida a mente por emoções que a velocidade promove.
A princípio abracei a morte com carinho juvenil, redentora de meus sofrimentos. Mas depois, face o horror de minhas inconseqüentes atitudes, repeli-a com vigor.
Não sou um homem novo.
As marcas profundas que trago na mortalha de meu corpo; as chagas; o sangue imaculado derramado não se apagam.
Mas sou um novo homem, banhado pela graça de uma nova compreensão que me permite perdoar-me, compreender-me e seguir adiante.
São Paulo, fevereiro de 2011
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