sábado, 19 de novembro de 2011

Mar revolto

Os intempestivos e furiosos vagalhões arremetem contra o costado da embarcação.
Toneladas de água pressionam e empurram o madeirame que estala, range, deforma-se sob o impacto; mas resiste.
Do embate titânico restam apenas espumas sobre o convés. Espumas que celebram a vitória da virtude e do raciocínio sobre as forças irracionais.
No devido momento, ao sentirmo-nos confiantes, desfraldaremos novamente as velas ao vento, adquirindo a velocidade necessária para nos afastarmos da zona tormentosa.
E não olharemos para trás, porque nossos olhos não dão atenção à dificuldades superadas.  Mas manteremos a superação em nossa memória, insuflando nosso ânimo contra novas e futuras adversidades a serem enfrentadas com a necessária experiência hoje adquirida.

São Paulo, novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Perdão

O perdão das letras, se sincero e verdadeiro tem o seu valor.  Porém, não penses que a qualidade do papel, cuidadosamente escolhido, a riqueza dos matizes da tinta, a pena que desenha caprichosa caligrafia, as filigranas ou as marcas d'água aplacarão os teu sentimentos ou os sentimentos daqueles que tiveres ofendido.
O perdão das palavras, se sincero e verdadeiro tem também o seu valor.  Porém, não julgues que o discurso elaborado, as palavras emocionadas, a métrica perfeita, a entonação adequada ou a pronúncia delicada colaborarão para aplacar os teus sentimentos ou os sentimentos daqueles que tiverdes ofendido.
Já o perdão do coração, não importa a sua aparência, é sempre belo.  Não importa a sua forma é sempre eficaz, verdadeiro e sincero.  Ele não se reveste das belezas tangíveis, das impressões da matéria.  A despeito de sua singela forma e aparência, toca profundamente outros corações; acalenta, consola, repara e renova a alma de quem o concede, balsamizando igualmente o espírito ao qual ele é dirigido.
A letra é morta e a palavra não tem vida sem o envolvimento do coração.
Apenas o coração em verdadeira caridade de ação perdoa.

São Paulo, novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

Encontro

Encontrar-te-ei onde o brilho do sol é mais intenso e a luz das estrelas mais brilhante no firmamento.
Encontrar-te-ei onde a brisa gentil carrega o perfume das flores e as águas do regato, cristalinas, correm rápidas, sem oposição.
Encontrar-te-ei onde a terra exala e transborda fecundidade e as sementes sempre encontram território adequado para germinarem.
Encontrar-te-ei neste ambiente de glória e abundância, porque este é o meu destino e o teu também.
Encontrar-te-ei caminhando seguro à passos largos e estarei ao teu lado rumando para a luz.
A despeito de todo sofrimento e de toda angústia, um dia encontrar-te-ei nos campos do Senhor.

São Paulo, outubro de 2011