quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Perdão

O perdão das letras, se sincero e verdadeiro tem o seu valor.  Porém, não penses que a qualidade do papel, cuidadosamente escolhido, a riqueza dos matizes da tinta, a pena que desenha caprichosa caligrafia, as filigranas ou as marcas d'água aplacarão os teu sentimentos ou os sentimentos daqueles que tiveres ofendido.
O perdão das palavras, se sincero e verdadeiro tem também o seu valor.  Porém, não julgues que o discurso elaborado, as palavras emocionadas, a métrica perfeita, a entonação adequada ou a pronúncia delicada colaborarão para aplacar os teus sentimentos ou os sentimentos daqueles que tiverdes ofendido.
Já o perdão do coração, não importa a sua aparência, é sempre belo.  Não importa a sua forma é sempre eficaz, verdadeiro e sincero.  Ele não se reveste das belezas tangíveis, das impressões da matéria.  A despeito de sua singela forma e aparência, toca profundamente outros corações; acalenta, consola, repara e renova a alma de quem o concede, balsamizando igualmente o espírito ao qual ele é dirigido.
A letra é morta e a palavra não tem vida sem o envolvimento do coração.
Apenas o coração em verdadeira caridade de ação perdoa.

São Paulo, novembro de 2011

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