segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Desapego

O tempo trama contra nós. Quanto mais nos demoramos e nos retemos na teimosia e na revolta contra as situações cuidadosamente preparadas para nosso experimento e despertar, mais difícil torna-se a escalada necessária para o nosso conhecimento interior.
Nos detemos nos vícios, nos amarramos a prazeres efêmeros, nos prendemos a objetos e pertences que, ao final, não mais a nós pertencerão.
Saibamos enxergar através da bruma da ilusão. Saibamos escolher entre o trigo e o joio que, se nascem próximos, possuem qualidades distintas.
Aprendamos viver pelo o mundo o que ele nos representa: apenas mais uma morada para nosso espírito.
À carne o que a ela pertença. Ao espírito o alimento da alma, a palavra benfazeja, a necessária instrução.
O desapego é lição que se aprende pouco a pouco, passo a passo, lentamente. É exercício contínuo, é a satisfação do desejo, do instinto, através da lógica e da razão.
Perceba que em poucos segundos muito pode ser feito. Observe que cada segundo empregado na renovação e remoção de velhas rusgas do passado representa imensurável período de paz e harmonia no plano original.
E não basta apenas ler e conhecer. O conhecimento sem prática é letra morta, é remédio confinado em frasco hermético, é nuvem de chuva que não precipita.
O conhecimento deve inspirar o corpo na transposição das dificuldades do trabalho louvável, no exercício da tarefa a qual fomos conduzidos.
O conhecimento exteriorizado torna-se marca indelével em nosso espírito e, como tal, não se apaga com o tempo.

São Paulo, dezembro de 2003

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