sábado, 18 de junho de 2011

A estrada para Cádiz


A estrada para Cádiz mudou minha vida.
Lá, a pequena caravana em que viajava foi covardemente emboscada e atacada. Não por ladrões ou saltimbancos, mas por homens bem armados e bem treinados.  Homens treinados por mim.
Meus amigos, ou aqueles os quais por este nome chamava, me atacaram e, ferido de morte, parti deste mundo sem amigos.
Jurei vingança e fui lançado à escuridão onde combatia com golpes de espada as sombras que zombavam de mim e que desonradamente fugiam não me concedendo o prazer de um justo combate.
Então, um dia surgiu em minha frente um cavaleiro trajando reluzente armadura.  Aguardei ele desembainhar sua arma e atacar-me mas, antes que pudesse convidá-lo ao embate, ele removeu seu elmo e revelou sua identidade: não era outro senão o maior de meus inimigos em vida!
Instiguei-o à luta, mas ele me respondeu:  - "Juntai-te a nós.  As diferenças culturais, religiosas e linguísticas que nos separavam não possuem aqui mais espaço.  Observamos em teu coração a justeza de teus atos e a honradez típica dos homens que necessitamos em nosso exército."
Oh, estranha sina a minha.  Abandonado pelos amigos e respeitado pelos meus inimigos, reconheci em meu maior algoz o irmão que a vida sempre me negou.
Hoje combatemos lado a lado, braços dados, corações unidos, reconhecendo que a luz da fé que em vida nos banhava a fronte não possui mais que uma única fonte e nem  mais que uma única origem.

São Paulo, março de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário