domingo, 19 de junho de 2011

Templo distante

Apreensivo, iniciei a escalada.  À minha frente mais de uma centena de degraus me separava de meu objetivo.
E não foi pequeno o esforço.  Minhas pernas há muito paralisadas, não obedeciam. E não foram poucos os momentos em que desejei de tudo desistir. Apenas a inspiração do alto me auxiliava a prosseguir.
Não desisti e o meu esforço foi recompensado.
Subitamente, a cada degrau que vencia, meu corpo mais leve e agradável eu sentia.
Finalmente atingi o topo, o terreno divino onde se apóia o santuário sagrado. Toquei as portas do templo e minhas mãos ao abri-las sentiram nelas o calor que lá de dentro emanava.
Adentrei o recinto imaculado em silêncio e respeito.  E ali, no alto daquela colina, eu acendi uma vela pequenina e salvei uma alma que no fundo eu sabia ser a minha.

São Paulo, março de 2011 

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