domingo, 31 de julho de 2011

Apóstolo

Em seu semblante ele trouxe a paz.
Em seu coração as doces palavras de amor.
Em suas mãos os manuscritos da Boa Nova (1)
Aproximou-se de nossa comunidade sem alarde.
A princípio ele foi rechaçado e repelido. Mas sua mansuetude, sua candura, a todos tocava e transformava.
Transformou corações e mentes. Edificou a fé e criou um rebanho de homens devotados aos princípios do Cordeiro (2).
O pequeno templo por ele erigido, hoje grande catedral, tem seu nome. A rua em que ele morava e aflitos abrigava tem seu nome. Mas nada, nada é mais grandioso para nós que carregarmos seu nome em nossos corações.
Bendito apóstolo de Jesus, devotado peregrino da fé, abençoado instrutor do amor, permaneça entre nós.

São Paulo, junho de 2011
(1) Evangelhos contendo as palavras de Jesus.
(2) Jesus Cristo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Velho celeiro

Retornei aos campos que há tanto havia abandonado. À porta do celeiro o mato crescia alto e quase impediu-me a entrada.  Em seu interior as ferramentas agrícolas jaziam no chão enferrujadas e corroídas pelo tempo, muitas das quais inutilizadas para sempre.  Perfurações no teto permitiram a entrada da chuva e, sobre o feno apodrecido, ervas daninhas germinavam.
Retornei aos campos que o Senhor me confiou e durante minha ausência nenhuma semente foi plantada e nem ao menos um palmo de solo foi preparado porque estas tarefas apenas a mim mesmo dizem respeito.
Abandonei os Campos do Senhor e entreguei-me a ociosidade.  Revoltei-me contra o poder maior e hoje o remorso pelo tempo desperdiçado atormenta meu coração.
Mas não deixo este sentimento dominar-me.  Sob a sombra de um novo sol que surge no horizonte, arregaço minhas mangas e dou as costas aos anos de sofrimento do passado para novamente adentrar nas graças do Senhor.

São Paulo, julho de 2011 

sábado, 16 de julho de 2011

Pioneiros da mensagem bendita

A poeira das estradas infindáveis, a altitude dos cumes elevados, as regiões desérticas abrasadoras, rios caudalosos,  mares bravios,  não impediram o percurso da palavra até os rincões distantes onde ela se fez necessária.
Palavras lançadas ao vento, semeando espaços áridos, levando o perfume das flores aos pântanos doentios, cultivando a terra virgem, sedenta de novas idéias, novos guias e novos ideais.
Abnegados professores, entusiastas do discurso da fé e do amor, peregrinos da alegria e da liberdade, marcharam e difundiram a Boa Nova (1) por todos os lugares onde se fizeram presentes.  Louvemos estes pioneiros da mensagem bendita agradecendo seus esforços primários que tantas bênçãos nos propiciaram, preenchendo nosso corações e mentes com sua coragem inabalável

São Paulo, maio de 2011
(1) Ensinamentos de Jesus contidos nos Evangelhos

sábado, 9 de julho de 2011

Filha adorada

Encerrei-me em um quarto de destemperança e lá cultivei apenas o ódio, a cobiça, a inveja e a vingança.
O cotidiano das vibrações negativas escureceram paulatinamente o ambiente até o ponto em que não mais conseguia divisar os tesouros e os bens pelos quais tantos atos de insensatez pratiquei.
Sem ser anunciada ela se fez presente.  Trouxe consigo uma luz e cobriu-me com o manto da doçura de suas palavras, aquecendo meu corpo e meu coração.
A despeito de tudo que havia feito ou praticado no passado ela me amava o seu mais puro amor, derretendo com seus sentimentos todo resquício de  inclinação ao mal que ainda restava em mim.
 E a cada dia eu agradeço a Deus por ter me presenteado com a presença de tão delicada e dedicada criatura.
Jamais pude imaginar que os olhos de uma menina pudessem iluminar a escuridão.
Jamais pude imaginar que o sorriso dessa pequena criatura pudesse inspirar-me tanto amor.
Jamais pude imaginar que uma filha pudesse transformar tão profundamente minha vida.

São Paulo, maio de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Heróis anônimos

Destituído das emoções que me prendiam ao corpo de carne e despido das energias que obscureciam meus pensamentos enquanto vivo no mundo terreno, mudei profundamente o modo e a maneira como compreendia o planeta e os homens.
Atraía-me o sucesso e a glória.  Interessava-me os que amealhavam grandes fortunas; os artistas por sua sensibilidade e os filósofos pela sagacidade e raciocínio límpido.
Hoje, observando o mundo sem as lentes embaçadas pela presunção humana, tenho admiração sincera pelos heróis anônimos que não aparecem em fotografias, não concedem autógrafos e não recebem comendas.
Inclino-me a apreciar aqueles que descem às regiões insalubres onde ninguém desejaria estar, que confortam enfermos os quais ninguém desejaria abraçar, que resgatam esquecidos da vida e da sorte.
Eles trabalham para Aquele que habita o altíssimo e meu trabalho é fazer ninguém esquecê-los.

São Paulo, maio de 2011

sábado, 2 de julho de 2011

Jerusalém

Oh, pobre Jerusalém! Teu sofrimento não é sem motivo. Uma brisa fria percorre teus portões e os teus muros encerram apenas tristeza e dor.
Oh, Jerusalém! Lançaste o Portador da Luz (1) à cruz, desperdiçando luminosa oportunidade redentora.
Talhada para brilhar acima de todas as cidades do mundo, com mais luz que todas capitais imperiais reunidas, falhaste em tua missão.
Por desejo de teus habitantes e por desejo do Supremo Pai da Vida, o Cordeiro (1) foi sacrificado em teu solo, pois a delicadeza do amor ainda não é capaz de remover a venda dos olhos dos homens, a singeleza da palavra ainda não desperta seus corações e, apenas o tremor do remorso e do arrependimento podem fazê-lo.
Oh, Jerusalém!  Desperte e erga-te!
Que a tua luz de esperança possa alcançar todos os mais remotos e distantes locais do planeta.  Que todos homens sejam banhados no teu brilho luminoso, cumprindo assim o teu destino abençoado.
Seja tu, Jerusalém, o farol que a todos guia, assim como Jesus nos guiou pessoalmente um dia.

São Paulo, abril de 2011
(1): Refere-se a Jesus Cristo

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Hoje eu acordei

Hoje eu acordei.
Não de um sono reparador das energias do corpo, mas de um sono nefasto que entorpece a mente.
Hoje eu acordei e me vi como um criminoso.
Não um criminoso na forma da lei.
Eu não roubei, não subtraí vidas, não prejudiquei ou pratiquei o mal a ninguém, exceto a mim mesmo.
Eu mereço esta parcela de sofrimento e de dor.
Eu mereço esta parcela de infortúnio.
Eu destruí, sistematicamente, todas as chances de felicidade em minha vida.
Deus, em sua bondade infinita, jamais puniu-me ou castigou-me,
eu antes o fiz.

São Paulo, abril de 2011