quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Destino

Muitas vezes, por não possuirmos a exata compreensão dos fatos que se sucedem em nossa infinita existência, tememos pelo pior e, em algumas ocasiões, nos desesperamos.
É natural que tenhamos nossos corações envoltos pela névoa do medo quando somos submetidos ao novo e ao inusitado.
O que em grande parte das vezes esquecemos é, talvez, o que mais nos consolaria.
Ao desfrutarmos o novo seria bom se refletíssemos que muito do que nos ocorre não é por acaso. Muito do que nos acontece é mais profético, mais premeditado, que de fato uma surpresa.
Nosso pensamento linear dificulta o estabelecimento de uma lógica que nos convença do contrário, especialmente quando o amargor da cena já perturba nossas emoções, altera nosso equilíbrio e cerceia nossa fé.
Bom seria se, ao menos por alguns instantes, pudéssemos conhecer o mapa do caminho que nos impele a tais situações. Porém, quanto de aflição e ansiedade não acrescentaria essa visão ao nosso já perturbado fluxo mental?
Vês como a bênção da ignorância é gratificante? Vês como a cada novo embate crescemos e dele saímos mais fortalecidos? Mesmo um pássaro só aprende a dinâmica do vôo à custa da perda de algumas penas.
Dessa forma, se Deus nos direciona à fatos e cenas complexas, apenas o faz para experimentarmos nosso equilíbrio, desenvolvermos nosso raciocínio, para empenharmos nosso espírito em transformar o mal em bem e a treva em luz.
Ninguém pode afirmar ter vivido antes de sentir o ar em seus pulmões, sem provar o contato com a água, sem perceber o vento em seus cabelos ou o calor do amor em seu peito.
Somente se vive, vivendo. Somente se aprende, tentando. Somente há crescimento, conhecendo.
Portanto, enxuga as lágrimas, remove o tremor de teus lábios e apaga de teu semblante a expressão de temor. Sê confiante em teu Deus e nas dezenas de outras criaturas que velam por ti e te amparam.
Lembra-te, sempre, que mesmo aquele que opta voluntariamente pela solidão e pelo abandono jamais se encontra desamparado. O que dizer, então, dos que suplicam socorro?
Segue com Deus, que Deus seguirá conosco.

São Paulo, outubro de 2003

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