Hoje porém, aos 75 anos, sente o peso dos anos.
Os sintomas da diabetes, da gota, da pressão alta, da angina, da falta de ar e da artrose são algumas das dolorosas sensações que o acompanham nos últimos 15 anos, desde que declarou-se aposentado, entregou a seus filhos e netos a administração de suas terras e refugiou-se em um pequeno sítio, próximo a uma estrada de terra.
Da varanda de sua casa, sentado em uma cadeira de balanço em vime, Antenor observa a estrada e os campos ao redor. Diariamente vê passar na estrada, em sua bicicleta vermelha, a figura inconfundível do Sr. Watanabe. Com mais de oitenta anos, ao contrário de Antenor, o Sr. Watanabe esbanja saúde. Ele pesca e nada no rio, cria galinhas e vende os ovos que elas põem, planta orquídeas e cerejeiras, cuida de bonsais, possui um tanque de carpas e ainda reserva um tempo para ensinar japonês e caligrafia japonesa a um grupo de jovens.
Evidentemente, o motivo de toda essa vitalidade despertava grande curiosidade em Antenor. Determinado a desvendar o "mistério da fonte da juventude", Antenor convidou o vizinho para um cafezinho na sua casa. Em meio aos muitos assuntos que conversaram e, com muito tato, Antenor conseguiu que o Sr. Watanabe confessasse que um médico chamado Takeshi havia se instalado na cidade.
"Descobri" - exultou Antenor. "Agora eu sei o segredo dessa vitalidade !"
Assim, tão logo quanto possível, Antenor agendou uma consulta com o tal médico.
No início a consulta transcorreu normalmente, mas logo Antenor ficou profundamente desapontado. É que ao invés de drogas miraculosas o jovem médico receitou apenas uma dieta para controlar a gota, a diabetes e a pressão alta. E para afastar a dor da artrose, nada de tratamentos radicais ou inovadores, apenas analgésicos.
- "Meu Deus" - indagou-se Antenor - "em que faculdade se formou esse médico ?"
Ele correu os olhos pelas paredes até encontrar o diploma de graduação em um quadro na parede. Nele se lia: "Takeshi Watanabe".
"Ah" - refletiu Antenor - "agora tudo faz sentido". "Para os estranhos dietas e analgésicos, mas para os familiares a fonte de juventude".
Antenor precisava dar um jeito para convencer o médico a lhe fornecer os medicamentos secretos que ele prescrevia para seus parentes.
Então perguntou: - "O Watanabe que ensina japonês é seu parente?"
- "Sim," - respondeu o médico - "ele é meu tio. O senhor o conhece ?"
- "Mas claro, somos grandes amigos" - mentiu Antenor - "Aliás, foi ele que me indicou para vir aqui, consultar-me com o senhor".
- "Ah, entendo" - meneou o doutor - "mas meu tio nunca se consultou comigo".
- "Nunca se consultou aqui? Como assim ?" - estranhou Antenor, com a voz alterada.
- "Pois é," - concluiu o médico - "meu tio nunca fica doente". "Ele diz que não tem tempo para isso".
No início a consulta transcorreu normalmente, mas logo Antenor ficou profundamente desapontado. É que ao invés de drogas miraculosas o jovem médico receitou apenas uma dieta para controlar a gota, a diabetes e a pressão alta. E para afastar a dor da artrose, nada de tratamentos radicais ou inovadores, apenas analgésicos.
- "Meu Deus" - indagou-se Antenor - "em que faculdade se formou esse médico ?"
Ele correu os olhos pelas paredes até encontrar o diploma de graduação em um quadro na parede. Nele se lia: "Takeshi Watanabe".
"Ah" - refletiu Antenor - "agora tudo faz sentido". "Para os estranhos dietas e analgésicos, mas para os familiares a fonte de juventude".
Antenor precisava dar um jeito para convencer o médico a lhe fornecer os medicamentos secretos que ele prescrevia para seus parentes.
Então perguntou: - "O Watanabe que ensina japonês é seu parente?"
- "Sim," - respondeu o médico - "ele é meu tio. O senhor o conhece ?"
- "Mas claro, somos grandes amigos" - mentiu Antenor - "Aliás, foi ele que me indicou para vir aqui, consultar-me com o senhor".
- "Ah, entendo" - meneou o doutor - "mas meu tio nunca se consultou comigo".
- "Nunca se consultou aqui? Como assim ?" - estranhou Antenor, com a voz alterada.
- "Pois é," - concluiu o médico - "meu tio nunca fica doente". "Ele diz que não tem tempo para isso".
São Paulo, abril de 2008
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