Eles traziam objetos de valor, mas não deixaram-se abater pelos perigos que poderiam estar correndo. Cruzaram regiões inóspitas, onde rara é a água e dispersa é a vegetação, mas mantiveram sempre seus corações serenos e plenos de amor.
Em meio onde muitos encontrariam não mais que um punhado de trigo eles defrontaram-se com a razão de sua busca. Onde muitos observariam apenas mais um menino eles encontraram uma razão para viver, a mão firme que a tudo conduz. Melquior, Malaquias e Baltazar, enfim, encontraram-se face a face com a materialização de nosso mestre Jesus.
Os Reis Magos também nos ensinam muitas outras coisas. Nos revelam que a busca não se inicia no primeiro passo, mas muito antes, quando é necessário mergulharmos no conhecimento, nos livros, nas escrituras, nas obras edificantes.
Através dessa etapa encontramos uma força que nos impelirá e nos conduzirá, como a estrela matutina na noite eterna.
Fundamentada na razão e no conhecimento adquiridos, a busca se inicia, passo a passo, na direção segura que já aprendemos confiar.
Sabendo, como os Reis Magos, o que se busca e, conhecendo a direção a seguir, a jornada segue em agradável atmosfera, suave e serena, não representando obstáculo à vontade férrea e sedimentada.
Os Reis Magos, graças ao conhecimento e a direção correta, seguiram confiantes e, ao final, encontraram uma riqueza que há muitos passaria despercebida.
Os verdadeiros tesouros não se mostram brilhantes nem marcante ostentação. Mais brilha a palha das virtudes que os diamantes da cobiça. Mais reluz a manjedoura humilde que o trono de ouro dos seculares.
Tudo isso nos adverte que muito há onde pensamos não haver nada e que pouco resta ao olhar atento sobre os locais onde erroneamente se imaginava existir fartura.
Os reais tesouros não são os que refletem luz ou os que sob ela brilham. Os reais tesouros, da alma, possuem luz própria.
São Paulo, dezembro de 2003
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